quarta-feira, 8 de abril de 2020

Porque Maria Fumaça tem esse nome





O termo “Maria-Fumaça” surgiu no século XX para designar a locomotiva a vapor. “Em vários idiomas, é frequente os nomes próprios mais difundidos adquirirem a função de adjetivos ou substantivos”. No Português, muitos destes nomes passam a fazer parte de substantivos compostos, como, a maria-vai-com-as-outras, o joão-de-barro, o joão-bobo e o joão-ninguém.

Como surgiu a Maria-Fumaça?

A Locomotiva a vapor é uma locomotiva propulsionada por um motor a vapor que compõe-se de três partes principais: a caldeira, produzindo o vapor usando a energia do combustível, a máquina térmica, transformando a energia do vapor em trabalho mecânico e a carroçaria, carregando a construção. O vagão-reboque (também chamado “tender”) de uma locomotiva a vapor transporta o combustível e a água necessários para a alimentação da máquina.
As primeiras locomotivas apareceram no século XIX sendo o mais popular tipo de locomotiva até ao fim da Segunda Guerra Mundial.
No Brasil as locomotivas a vapor receberam o apelido de “Maria-Fumaça” em virtude da densa nuvem de vapor e fuligem expelida por sua chaminé, sendo que no final do século XIX e início do século XX, os matutos e caipiras, davam-lhe o nome de “Balduína”, uma corruptela de Baldwin, a marca das locomotivas de origem norte-americana, usadas na época.
Como Maria sempre foi um nome popular em todos os lugares por onde a máquina passava, o povo se acostumou a dizer: “Lá vem a Maria fazendo fumaça!”
Fonte: HR Idiomas  

Rotas ferroviárias de carga poderão receber trens de passageiros





Com a definição de novas regras para operação das linhas férreas, surgirá a possibilidade de se expandir o transporte de pessoas

O governo federal vai definir no próximo ano as normas necessárias para que sejam instituídas no Brasil redes de transportes de passageiros. Na sexta-feira, um pacote de medidas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foi colocado em consulta pública e, quando aprovado, será o passo inicial para um ambiente mais competitivo nas ferrovias. Embora o foco principal das medidas tenha sido o transporte de cargas, elas abrem possibilidades para a expansão das operações com passageiros, que posteriormente também vão ganhar novas regras.

Entre as normas colocadas em consulta na sexta-feira, uma evita que as empresas detentoras das concessões neguem que outra empresa circule com seus vagões nas suas linhas. Além disso, a agência passará a permitir a criação de empresas que operem unicamente com vagões próprios em redes de outras companhias, explica Bernardo Figueiredo, diretor-geral da ANTT. Ficará mais viável, por exemplo, para uma empresa oferecer transporte de pessoas, sem ter de investir em novos trilhos.

As linhas construídas recentemente no país, ou ainda em obras, têm estrutura que permite tanto a circulação de trens de carga quanto a circulação de trens com pessoas. Segundo técnicos ferroviários, enquanto um trem viaja a velocidade de 80 quilômetros por hora (km/h) carregado de carga nessas ferrovias novas, de bitola larga, será possível que trens de passageiros façam viagens a até 200 km/h.

Estão entre as linhas construídas com capacidade de abrigar vagões de passageiros as ferrovias Norte Sul, Oeste-Leste (Fiol), a Centro-Oeste (Fico), Nova Transnordestina e todas as demais inseridas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no PAC2.

No PAC 1 e no PAC 2, são mais de 10 mil km de ferrovias em construção, que poderão se somar aos 28 mil km já instalados no país. Porém, dos 28 mil km de linhas férreas que o Brasil possui hoje, apenas cerca de 10 mil km têm aproveitamento razoável – com mais de um trem passando por dia – e dos 18 mil restantes, praticamente a metade não é utilizada hoje, segundo Figueiredo.

Mas as regras novas apresentadas na sexta-feira buscam, principalmente, elevar o uso da malha já existente. A meta inicial é aumentar esse uso pelo transporte de cargas, mas, em 2011, serão debatidos estímulos para o transporte de passageiros. Segundo Figueiredo, as concessionárias não poderão negar a operadores interessados em transportar passageiros o uso da infraestrutura existente.
Encerradas as obras do PAC 2 e com os trens de passageiros em operação, poderá ser possível por exemplo, viajar de Lucas do Rio Verde (MT) até o porto de Itaqui, no litoral do Maranhão. Ou de Anápolis (GO) até o porto de Suape, que fica perto do Recife (PE).
A ANTT deverá discutir a partir de 2011 novas regras para prever padrões de qualidade mínimos e regular as tarifas de operação dessas companhias que oferecerão transporte de pessoas.
Uma linha que pode ser construída exclusivamente para passageiros no futuro próximo é o ramal entre Goiânia (GO) e Brasília (DF), que também se conectaria à ferrovia Norte Sul. O projeto ganhou apoio recente de parlamentares e do governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
Só a Vale transporta passageiros hoje
Hoje, a única empresa a transportar passageiros regularmente no país - exceto trens turísticos - é a Vale, nas linhas da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), entre Vitória (ES) e Belo Horizonte (MG), e na linha que liga a mina de Carajás ao litoral maranhense.
Na EFVM, a Vale transporta cerca de 1,3 milhão de passageiros por ano, tendo a linha 106 anos desde construída e 905 quilômetros de extensão. A ferrovia é exemplo de linha que opera tanto cargas quanto passageiros, com estações e terminaiis para ambos os perfis.
Uma pesquisa realizada pela Vale entre os passageiros da EFVM no mês passado revelou que 70% deles andam no trem por turismo, 15% por motivos profissionais e 10% por motivos de saúde, para se tratar em outra cidade, por exemplo. Mais de um terço dos usuários prefere o trem a outros meios de transporte por conta do preço das passagens, abaixo das demais alternativas. Segurança e conforto são outros fatores que mais pesam na escolha do trem.
Trens turísticos também têm projeto
O Brasil tem também em curso um projeto para revitalização de trens turísticos e culturais. Instituído em fevereiro. Hoje, existem 20 trens destinados ao turismo no país, operando em oito Estados. Entre 2004 e 2009, o Ministério do Turismo investiu R$ 17 milhões em projetos de turismo ferroviário.
Entre as linhas turísticas existentes no país estão a ferrovia Centro-Atlântica (MG), o trem do Pantanal, no Mato Grosso do Sul, e a ferrovia que liga Ouro Preto a Mariana (MG). O governo federal possui hoje um Grupo de Trabalho de Turismo Ferroviário, que envolve Ministério dos Transportes, Ministério do Turismo e suas autarquias.
Fonte: Portal IG

Estado e União se articulam para volta do trem de passageiros





Projetos e estudos de viabilidade para a volta dos trens turísticos e de passageiros em Minas Gerais estão em curso nos governos Federal e Estadual. No Estado, a prioridade é a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Na União, dois trechos mineiros estão entre os 14 selecionados para aprofundamento de estudos e possível implantação do serviço. As informações foram prestadas durante audiência da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (20/10/10). No encontro, autoridades solicitaram também apoio para implantação do trem de passageiros de BH a Conselheiro Lafaiete.
As ações da União foram apresentadas pelo diretor de Relações Institucionais do Ministério dos Transportes, Afonso Carneiro Filho. Segundo ele, a partir de um projeto feito em 1997 pelo BNDES, que avaliou o potencial da malha rodoviária existente no País, o Ministério selecionou os 14 trechos, entre eles o BH-Ouro Preto-Lafaiete e o Bocaiúva-Montes Claros-Janaúba, esse último com forte viés social. "Estamos viabilizando um acordo de cooperação técnica com o Estado e com a Agência de Desenvolvimento Metropolitano para avançarmos nesse projeto", afirmou Afonso. Segundo ele, há ainda em andamento uma prospecção de interessados na outorga do serviço.
Já o Executivo estadual deve contratar, até novembro, um estudo prévio de viabilidade de aproveitamento da malha existente na RMBH. A subsecretária de Desenvolvimento Metropolitano da Sedru, Maria Madalena Garcia, explicou que está sendo usado no projeto um fundo específico da RMBH. Daí a restrição a essa região, que concentra 330 quilômetros de malha em 21 municípios. Em nove meses, segundo ele, o Estado deve ter os resultados do estudo. "A volta dos trens de passageiros foi a tônica de todas as reuniões que o Estado está fazendo sobre o Plano Diretor da Região Metropolitana", disse. Afonso Carneiro Filho acrescentou que, a partir do levantamento na RMBH, a União pode estudar a ampliação do projeto para as cidades-polo no entorno da RMBH.
Comunidades pedem o Trem Bom de Minas, de BH a Lafaiete
Autoridades e cidadãos se organizaram para reivindicar, durante a audiência, a implantação do trem de passageiros na região do Alto Paraopeba, beneficiando, além de BH e Lafaiete, as cidades de Ibirité, Sarzedo, Mário Campos, Brumadinho, Moeda, Jeceaba, Congonhas e Belo Vale. O prefeito de Congonhas, Anderson Costa Cabido, que também preside a Associação das Cidades Históricas e o Consórcio Público pelo Desenvolvimento do Alto Paraopena (Codap), anunciou que uma comitiva de prefeitos irá a Brasília levar ao Ministro dos Transportes o pedido de apoio para o Trem Bom de Minas. "Nossas cidades são dependentes da mineração, e o turismo seria uma ótima opção de geração de renda", afirmou.
Já a vereadora de Brumadinho e representante da comissão Volta aos Trens das Regiões Metropolitna e Paraopeba, Lílian Paraguai, completou que essas cidades são servidas pelas BRs 040 e 381, ambas com gargalos e altos índices de acidentes. Ela também lembrou que o Alto Paraopeba é uma das regiões que mais crescem em Minas. Lílian entregou ao representante do Ministério dos Transportes um manifesto com duas mil assinaturas pedindo que viabilize o estudo técnico de viabilidade para o trecho BH-Lafaiete. A comissão já tem convênio com a UFMG para esse trabalho.

O professor Nilson Tadeu Nunes, do Departamento de Engenharia de Transporte e Geotecnica da UFMG, salientou que a legislação prevê o uso de dois horários para o transporte de passageiros no trecho. Porém, segundo ele, os entendimentos serão possíveis apenas após o estudo de viabilidade. Ele também salientou que o transporte ferroviário de passageiros no Brasil não é rentável e precisa de subsídios. Afonso Filho, do Ministério, completou que o trecho tem restrições também em função do grande número de obras de arte, que teriam que ser compartilhadas com os transportes de carga e de passageiros.
Outras linhas
- Durante a audiência foi levantada ainda a possibilidade de implantação de uma linha de passageiros ligando o Museu de Artes e Ofício ao Instituto Inhotim, em Brumadinho. Madalena Garcia propôs um esforço coletivo para que o projeto seja implantado. Afonso Carneiro Filho explicou que o Ministério dos Transportes foi procurado pelo Instituto Inhotim e deu todas as informações necessárias.
O diretor de Infraestrutura do Dnit, Geraldo Lourenço de Souza Neto, relatou ainda que o Dnit, responsável pelo patrimônio após a privatização da RFFSA, está doando peças a instituições para implantação de trechos como o do Trem do Pantanal. Em Minas, deve começar em novembro a operação do Expresso Pai da Aviação, ligando Santos Dumont a Juiz de Fora. "Temos mais de 200 carros e algumas locomotivas", disse. Geraldo citou outros projetos da União, que investiu, segundo ele, mais de R$ 40 bilhões em ferrovias. E lembrou que todo contrato de concessão para transporte de carga tem a previsão de duas viagens com passageiros.
Deputados lamentam sucateamento e prometem apoio
O deputado Carlos Gomes (PT), autor do requerimento para a audiência, anunciou que fará requerimentos para tentar viabilizar o estudo de viabilidade do trecho BH-Lafaiete. Ele lembrou que os debates sobre o transporte de passageiros foram iniciados na ALMG em 2005. "No Brasil, esse transporte foi abandonado, ao contrário do que ocorre em outros países. O trem é mais barato, mais seguro e mais ecológico", afirmou.
Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente da comissão, também lamentou o sucateamento do transporte de passageiros e atribuiu esse abandono ao lobby das construtoras, que lucram mais com rodovias do que com ferrovias. "Temos que investir em transporte de massas", reforçou. Já Antônio Carlos Arantes (PSC) salientou que o Brasil já começa a ter um "apagão" nas estradas. "No início do mandato, trabalhei para a reativação de uma linha em Pirapora, e a Vale reativou", disse, salientando que esse movimento é viável e possível.
Presenças - Deputados Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente; Eros Biondini (PTB), vice; Antônio Carlos Arantes (PSC) e Carlos Gomes (PT). Compuseram a mesa também Paulo Rogério Monteiro, coordenador de projetos de mobilidade da Agência de Desenvolvimento da RMBH, e Juliana Gazineli de Oliveira, do Instituto Inhotim.